Materiais de flagrantes apreendidos jogados em meio ao mato, nenhum banheiro com condições dignas de uso, prédio sem extintor de incêndio, número insuficientes de servidores e agentes para atender à demanda. Este é o retrato fiel da 9ª Delegacia de Polícia, localizada no distrito de Extrema, na divisa de Rondônia com o Acre, comprovado por uma comissão do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Rondônia (Sinsepol), que faz, em todas as cidades de Rondônia uma radiografia do decadente sistema de Segurança Pública no Estado.
A situação deplorável – não diferente de outras delegacias de Porto Velho – indignou tanto a comissão formada pelo presidente do Sinsepol, Rodrigo Marinho, pelo diretor-financeiro, José Ribeiro e do diretor-social, Adão James, que decidiram registrar uma ocorrência policial para relatar e oficializar a denúncia.
O caso foi relatado na ocorrência polícia número 771-2016. De acordo com o relato da comissão do Sinsepol, os servidores enfrentam problemas graves para trabalhar. Segundo a ocorrência, a situação física é deplorável.
Eles alertam que mesmo com a chegada de policiais recém contratados pelo Estado, o número é insuficiente para a demanda da cidade. Extrema é uma região de fronteira, com grande incidência de crimes, e é apontada como corredor do tráfico de drogas. Uma região com esse perfil deveria receber do Estado um investimento diferenciado, mas o que se ver é total abandono, afirma Rodrigo Marinho, presidente do Sinsepol.
Ainda de acordo com o relato feito pela comissão no registro da ocorrência, o número de policiais é insuficiente, também, como indicador aceitável para segurança patrimonial e pessoal.
O sindicato denuncia ainda sobrecarga de trabalhos dos servidores. A maioria, relata a comissão, principalmente os lotados no comissariado, tira plantões diurno e noturno sozinho, sem qualquer tipo de retaguarda. Uma exposição explícita à insegurança gerada pelo caos que o setor vive em decorrência do abandono, do descaso, e da falta de respeito com a população, vulnerável ao crescimento da criminalidade.
SEM ESTRUTURA
Além da precariedade do prédio que abriga a 9ª Delegacia de Polícia, o comissariado não tem impressora para entregar cópias de ocorrências para as vítimas. Há ainda diversas salas com ar condicionados sucateados.
No Serviço de Investigação e Captura (Sevic), unidade vital para a apuração de crimes, apenas seis servidores fazem o serviço. Um número ínfimo, considerando a demanda de ocorrências e a localização do distrito de Extrema, área fronteiriça com o Acre, e consequentemente com a Bolívia. A mesma falta de pessoal acontece no cartório, com número insuficiente de servidores.
DOSSIÊ PARA O MP
Para que o Estado seja obrigado a investir na melhoria das condições de trabalho dos servidores e prestar um serviço mais eficiente à população, a diretoria do Sinsepol trabalha na elaboração de uma espécie de dossiê mostrando o caos e o abandono do setor de Segurança Pública em Rondônia. Uma situação bem diferente das peças publicitárias veiculadas pelo governo para “maquiar” o verdadeiro retrato da segurança no Estado, afirma Rodrigo Marinho.
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